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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Skdennison

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um beijo inesquecível, n.º 315 - fevereiro 2018

Título original: The Millionaire’s Christmas Wish

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-946-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Marcie Roper ajeitou os pacotes que trazia nos braços para distribuir melhor o peso, enquanto observava o belo vestido de noite na montra da loja. Resignada, suspirou, olhando para as velhas calças de ganga que vestia. Era realmente um vestido maravilhoso, mas ela jamais iria a um lugar onde uma roupa como aquela seria a adequada. Não fazia parte do seu estilo de vida. Suspirou mais uma vez e olhou para a outra montra, onde havia um lindo vestido vermelho de festa. As lojas já estavam preparadas para as festas de fim de ano, apesar de ainda faltarem alguns dias para o feriado do Dia de Acção de Graças.

Marcie ficou melancólica por alguns momentos. Apesar de ter muitos amigos, ia passar mais um feriado sozinha.

– Eh, espera um minuto!

O pedido chamou-lhe a atenção. Olhou para a rua a tempo de ver um homem alto, com mais ou menos trinta anos, aparecer na esquina. Vinha na sua direcção. Era impossível ignorar o corpo atlético e a boa aparência do estranho. Aproximando-se mais da vitrina, ela procurou dar-lhe passagem.

Enquanto o homem corria para ela, tirou o blusão vermelho, virou-o do avesso e vestiu-o novamente. A parte interna era cinzenta. Olhou por cima do ombro de relance, tirou um boné do bolso e colocou-o na cabeça. Virou-se e, por um instante, olhou para Marcie. De repente, parou à sua frente.

O seu olhar mostrava diversão. No princípio, Marcie pensou que ele estivesse com algum problema, no entanto, o sorriso que surgiu nos seus lábios demonstrava outro estado de espírito. Parecia mais um menino prestes a fazer uma travessura do que alguém perseguido por desconhecidos.

O homem alto contemplou-a por um momento e voltou a olhar por cima do ombro. Aparentemente satisfeito por estar à frente do seu perseguidor, aproximou-se de Marcie e colocou o braço em redor dos seus ombros. Posicionou-se de modo a ficar de costas para a esquina e sorriu, como se quisesse dizer: «Confia em mim». Porém, o seu olhar malicioso dizia uma coisa muito diferente.

– Adorava que me desses um minuto ou dois do teu tempo.

Chance Fowler, assim se chamava o estranho, olhou furtivamente por cima do ombro no instante em que um homem baixo e careca apareceu a correr, ofegante. Trazia uma máquina fotográfica pendurada ao ombro, outra no pescoço e mais uma na mão. Chance não tinha dúvidas de que se tratava de mais um fotógrafo à procura de imagens para estampar nos jornais com matérias sobre o herdeiro da fortuna da família Fowler e das suas indústrias.

Normalmente, Chance ficava aborrecido com aquele assédio, em especial quando estava envolvido em algum dos seus projectos pessoais. Apesar de ter nascido numa família milionária, preocupava-se com os menos afortunados. Apoiado pela mãe, após terminar os estudos, decidira ajudar os jovens marginalizados a aprender uma profissão para poderem trabalhar. No entanto, acreditava que essa proposta só interessava às pessoas envolvidas nos treinos e a ele mesmo. Não pretendia que o assunto se tornasse público nem queria expor os jovens que ajudava.

Contudo, às vezes, quando não tinha nenhum assunto urgente com que se ocupar, divertia-se a despistar os repórteres. E aquele era um desses dias…

– Solta-me imediatamente! – Marcie tentou livrar-se do braço do estranho sedutor, que se portava como se fossem velhos amigos.

Chance puxou-a para perto, colocou-lhe um dedo nos lábios e murmurou:

– Assim que o fotógrafo se for embora…

Marcie olhou para o homem com as máquinas fotográficas. O medo que sentiu inicialmente desapareceu, dando lugar à raiva.

– Nem sonhes! Solta-me imediatamente ou gritarei por socorro – ameaçou, e começou a mexer-se com cuidado para não deixar cair os embrulhos.

O fotógrafo parecia determinado a encontrar o homem e olhava para todos os lados. Então, caminhou na direcção de Marcie e do estranho atraente que continuava a abraçá-la apesar dos seus protestos.

De repente, o estranho abraçou-a completamente. As palavras suaves invadiram o ouvido dela, mantendo-a hipnotizada por um instante:

– Pensei que pudéssemos ficar aqui parados, a fingir que éramos um casal a observar a montra da loja, mas acho que temos que fazer mais alguma coisa…

E, antes que Marcie pudesse reagir, beijou-a.

O fotógrafo passou por eles, a correr. Perturbada com a sensualidade do beijo que literalmente a deixou sem fôlego e com os joelhos trémulos, Marcie mal se apercebia do que ocorria à sua volta, pois tinha dificuldades em ordenar os seus pensamentos.

Nunca ninguém a beijara daquele modo. Se o estranho não a segurasse, com certeza, cairia ao chão. Procurou controlar-se e ignorar o coração disparado.

Assim que o perigo passou, Chance interrompeu o beijo, mas manteve os lábios colados aos dela por mais um instante antes de se afastar. Olhou para os olhos surpreendidos da rapariga por uns segundos que lhe pareceram uma eternidade. Não sabia ao certo o que via, mas sabia que estava a gostar, e queria saber mais sobre aquela mulher intrigante. Os seus olhos percorreram cada detalhe do rosto feminino. Desejava beijá-la outra vez e continuar a abraçá-la.

Engoliu em seco, procurando controlar o sentimento de perda que o invadiu depois do beijo. Aborrecido consigo mesmo, recriminou-se por ter envolvido aquela bela mulher num dos seus pequenos jogos. Fora realmente inconsequente. Teria sido melhor deixar o homem fotografá-lo.

Embaraçada e perturbada, Marcie recuou alguns passos e passou a mão pelos curtos cabelos castanhos, tentando afastar as madeixas do rosto, enquanto segurava os pacotes contra o corpo com a outra mão. As suas pernas ainda estavam trémulas, mas não a impediram de se virar e desatar a correr para longe do estranho sedutor. Correu o mais depressa que pôde, como se a sua vida dependesse disso.

– Eh! Espera um momento…

Marcie desceu a rua com passos firmes. Ouviu o homem chamá-la, mas não se deteve. Assim que virou a esquina, entrou num grande centro comercial. Sem olhar para trás, atravessou uma loja e saiu para a outra rua. Só então parou e olhou para trás.

Assim que teve a certeza de que não fora seguida, encostou-se à parede do edifício para recuperar o fôlego. Ajeitou os embrulhos com cuidado para não perder o conteúdo de um saco que se tinha rasgado.

– Oh, raios! – murmurou, irritada. Durante a corrida, perdera um embrulho. Tratava-se do pacote que trouxera da livraria com um raro volume encomendado há duas semanas atrás. Três livros eram para ela, mas o quarto era um enorme volume sobre a Guerra Civil que pretendia oferecer ao pai como presente de aniversário.

E perdera-o ainda antes de ter ido aos correios despachá-lo. Apertou os lábios. A culpa era daquele homem. Ela estava apenas a contemplar as montras antes de ir para o carro quando ele a abordara.

Tudo acontecera tão repentinamente que mal pudera vê-lo bem… Um homem alto, de cabelos castanhos com alguns fios dourados, olhos azuis com algumas rugas nos cantos, belos traços marcados por uma pequena cicatriz no queixo e um sorriso devastador. Não, de facto, não prestara muita atenção ao aspecto físico nem ao magnetismo que irradiava…

Olhou em redor como se quisesse certificar-se de que ninguém adivinhara os seus pensamentos impróprios, respirou fundo e relaxou. Sentiu um arrepio na nuca. Respirou fundo mais uma vez, conteve o ar alguns segundos e expirou-o devagar, ao mesmo tempo que abanava a cabeça.

Realmente, tivera um dia agitado. De manhã, um dos pneus do seu carro furara-se antes de ir para San Diego. Depois, fizera as compras e tivera o encontro com o estranho sedutor e, em seguida, perdera um embrulho com quatro livros.

Estava na hora de voltar para casa.

Entrou no carro e rumou para norte a fim de sair de San Diego para ir para Crestview Bay. Marcara um encontro com um cliente à uma hora da tarde. Irritada, concluiu que não podia almoçar, senão chegaria atrasada. Para aumentar o seu aborrecimento, o desejo produzido pelo beijo inesperado continuava a perturbá-la.

 

 

Chance Fowler estacionou no Iate Clube, deixou o Porsche na sua vaga reservada e correu até ao barco à vela que tinha o nome Celeste gravado no casco. Tratava-se do nome da sua mãe, a primeira senhora Douglas Fowler. Depois do divórcio, o seu pai já se casara inúmeras vezes.

– Como estás, «Aproveita a Chance»? – perguntou a bela loura que vestia um biquíni cor-de-rosa e estava sentada no convés do barco ao lado do dele. – Vais participar na regata de amanhã?

– Claro, querida.

«Aproveita a Chance» era o apelido que um colega de faculdade lhe dera e, mesmo depois de tantos anos, alguns amigos ainda lhe chamavam assim. Chance Fowler fora sempre um jovem disposto a aproveitar todas as oportunidades para se envolver em novas aventuras, novos desafios e coisas perigosas.

– Então, vemo-nos na festa de comemoração do clube?

– Espero que sim – retribuiu o aceno da rapariga, sem deixar de contemplar as suas belas formas. A temperatura estava um pouco baixa para usar biquíni, mas Bambi era assim. Nunca mantinha o corpo escondido.

– Já estava na hora de apareceres! – fez-se ouvir uma irritada voz masculina vinda do convés do Celeste.

– Desculpa, Dave. Perdi muito tempo a tentar despistar um fotógrafo – lembrou-se da imagem da mulher de olhos grandes e pestanas compridas, e acrescentou: – Na verdade, teria sido melhor deixá-lo fotografar-me. Seria mais rápido…

Chance franziu as sobrancelhas, relembrando pela décima vez nas últimas duas horas a sensação de ter a misteriosa mulher nos seus braços e o gosto dos lábios carnudos. Vira algo diferente no olhar dela. Algo que não sabia definir. Teria sido paixão? Um momento de intenso desejo? O que quer que tivesse sido, brilhara nos olhos dela por apenas um instante e desaparecera antes que ele pudesse compreendê-lo. Desejava outra oportunidade para provocar aquele brilho, mas ela fugira antes de ele descobrir quem era ou onde podia encontrá-la. Quando chegara à esquina, ela já desaparecera.

Chance visualizou mentalmente a delicada silhueta. Quando a olhara, fora cativado pelo brilho intenso dos seus olhos. Os lábios eram carnudos e sensuais…

– Chance, concentra-te… – a irritação de Dave interrompeu-lhe os pensamentos.

– Oh, desculpa! Tenho muitas coisas na minha mente…

– Não tenho o dia todo. Achas que podias pensar numa coisa só? Na regata de amanhã, por exemplo?

– Claro – sorriu, desculpando-se. – Tens razão.

– Então, vamos treinar. A irmã de Bonnie, o marido e os três filhos vão jantar lá a casa e terei de ouvir um sermão se me atrasar.

Chance não se conteve e riu-se da queixa do amigo.

– Bonnie é uma pessoa agradável e foste tu que insististe em te casar. Eu tentei avisar-te das dificuldades do casamento, mas não me deste ouvidos.

– Deixa-me em paz, está bem? – replicou o amigo, com uma fúria que não sentia.

Concentraram-se nos preparativos para a regata do dia seguinte e rumaram para o mar aberto.

 

 

Quatro horas mais tarde, voltaram para o Iate Clube.

Chance observou o amigo a sair do clube antes de se dirigir para o seu carro. Não estava com pressa. Era quinta-feira à noite e não tinha nenhum compromisso especial. Por outro lado, não sentia vontade de passear pelo Iate Clube e conversar com pessoas com quem não tinha muita afinidade.

Olhou para o embrulho que se encontrava no assento do passageiro do seu carro. A mulher misteriosa deixara-o cair quando desatara a correr. Ele apanhara-o com a intenção de lho devolver, mas perdera-a de vista logo a seguir à esquina. Por isso, guardara-o no carro, decidido a fazer alguma coisa a respeito dele mais tarde.

Pareceu-lhe que aquele era o momento ideal.

Na parte de fora do embrulho havia o nome de uma livraria que ficava a apenas um quarteirão de distância do local onde se tinham encontrado. Abriu o embrulho, na esperança de encontrar alguma pista sobre a mulher. Havia quatro livros e um recibo em nome de Marcie Roper, Viveiro de Plantas de Crestview Bay.

Dobrou o papel e guardou-o no bolso do casaco, sorridente. A sua respiração tornou-se um pouco ofegante e sentiu um frio no estômago.

– Bem, Marcie Roper… Nunca nenhuma mulher deu meia volta e desapareceu da minha vista. Creio que tenho de te fazer mudar de opinião a meu respeito.

Franziu as sobrancelhas, pensativo. Nunca ficara tão perturbado com um beijo. Ainda podia sentir o calor daquele momento e o desejo que o invadira.

Concentrou a sua atenção nos livros, curioso para saber que tipo de literatura ela apreciava. Havia um pedido especial para o maior volume já publicado sobre a Guerra Civil. Havia também o último best-seller do momento, a biografia de Catarina, a Grande, e um romance.

Chance guardou os livros, saiu do carro e encaminhou-se para o escritório do clube. Desfolhou uma lista telefónica da cidade e não tardou a encontrar o que procurava. Pegou no recibo da livraria que guardara no bolso e escreveu no verso: Floricultura Crestview Bay, Viveiro de Plantas Crestview Bay e Jardinagem Crestview Bay. Os três negócios possuíam o mesmo endereço. Então, procurou noutra lista telefónica e encontrou o nome de M. J. Roper.

A imagem da rapariga delicada surgiu na mente de Chance. Lembrou-se dos assustados olhos cor de mel. Pensativo, voltou ao carro. O incidente não passara de um encontro ocasional, um momento espontâneo. Então, por que razão estava tão vívido na sua mente? Por que motivo ainda saboreava o gosto daquele beijo e a sentia nos seus braços?

– Marcie Roper, de Crestview Bay… – olhou para o recibo da livraria. – Podes ter conseguido fugir de mim hoje, mas não será tão fácil da próxima vez. Agora sei onde posso encontrar-te.

 

 

Marcie folheou o jornal de domingo enquanto tomava o pequeno-almoço. Parecia que todos os anúncios estavam voltados para as festividades natalícias, embora faltassem seis semanas para o feriado. Era difícil pensar no Natal quando o clima de San Diego estava tão agradável com os seus dias soalheiros.

Sabia que precisava de anunciar os produtos que mais vendia durante o Natal: uma linha especial de arranjos florais, enfeites para as portas e casas, grinaldas e pinheiros.

Naquela época do ano sentia-se sempre mais solitária e, desde a morte da avó, há alguns anos atrás, deixara de apreciar o espírito natalício. Vivera a maior parte da sua vida com a avó num lar estável e mantinha contacto com o pai, que morava em Ilinóis, mas nunca tinham sido muito próximos.

Suspirou e virou a página do jornal, consciente de que devia apressar-se a fazer o anúncio dos produtos de Natal.

Tomou outro gole de café, mas, antes de o engolir, assustou-se com uma fotografia estampada no cabeçalho da página. A caneca de café quase lhe caiu das mãos, espirrando o conteúdo sobre o jornal. Marcie engasgou-se e começou a tossir.

Não podia acreditar no que via. Na fotografia do jornal, a olhá-la com o mesmo ar malicioso e sorridente, estava o homem que a agarrara na rua. Encontrava-se ao lado de outro homem, e ambos seguravam um troféu. Havia também uma mulher de braço dado com ele, usando um biquíni muito pequeno.

Marcie olhou novamente para a fotografia. Não havia dúvidas. Era o homem que a beijara. Apesar de tentar esquecer o incidente, o calor dos lábios dele em contacto com os seus estava registado na sua mente de forma indelével. Leu a notícia:

 

Chance Fowler e Dave Stevens mostram o troféu conquistado pelo primeiro lugar na regata de sábado. Esta é a terceira vitória de Chance e do seu barco, o Celeste, que se vê ao fundo.

 

Chance Fowler. Marcie estava chocada. Chance Fowler? O homem da fotografia era Chance Fowler? O estranho que a agarrara e beijara, deixando-a completamente atordoada, era herdeiro de uma enorme fortuna, um famoso playboy cuja imagem ilustrava tanto jornais sensacionalistas como colunas sociais e suplementos desportivos.

Marcie franziu a testa. Tinha a certeza de que Chance detestava compromissos e responsabilidades.

Ela já estivera noiva de um homem que, de repente, decidira que não queria compromissos. O patife alegara que o casamento o amarraria a uma rotina cansativa. Queria ser livre e poder ir e vir quando lhe apetecesse. Marcie devolvera-lhe a aliança de noivado e rompera o relacionamento. Quando ele lhe dissera que talvez estivesse pronto para o casamento depois de alguns anos e que, enquanto isso, podiam continuar a sair juntos, ela recusara-se a aceitar aquela proposta.

Quando se casasse, seria com um homem que quisesse uma vida estável, um lar, não com alguém que saltasse de uma aventura para outra. Desejava alguém que a considerasse como companheira, como uma parte importante da sua vida. Não queria um relacionamento construído sobre a ideia de que o casamento era um fardo a ser carregado, algo que amarrava as pessoas, oferecendo-lhes menos do que a vida podia proporcionar-lhes.

O seu pai era um sonhador que sempre acreditara que havia pastagens mais verdes do outro lado da montanha. Mudara tantas vezes de casa com a família que Marcie mal conseguira passar alguns meses na mesma escola. Por fim, a sua mãe decidira mandá-la ir viver com a avó para que pudesse ter um lar estável e terminar o segundo ciclo num bom colégio.

Marcie tinha dezasseis anos quando a sua mãe morreu. Nunca chegou a tornar-se muito íntima do pai e, devido ao seu estilo de vida, ambos tinham opiniões opostas sobre responsabilidade, compromisso e casamento.