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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Maggie Cox

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Perdida no passado, n.º 1537 - Maio 2014

Título original: The Lost Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Dreamstime.com

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5150-4

Editor responsable: Luis Pugni

 

Conversión ebook: MT Color & Diseño

Índice

 

Portadilla

Créditos

Índice

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Volta

Capítulo 1

 

Ailsa correu para a janela quando ouviu o barulho suave do motor de um carro. O todo-o-terreno prateado do ex-marido parou à frente da casa. Estava coberto por várias camadas de neve grossa. Efetivamente, os flocos cristalinos caíam inexoravelmente do céu.

Não parara de nevar todo o dia. Ailsa teria sucumbido à magia daquele ambiente invernal se não estivesse tão preocupada à espera que Jake lhe trouxesse a filha sã e salva. Viver no campo inglês podia ser ideal até o tempo invernal e severo atacar as estradas estreitas e as transformar em pistas traiçoeiras. Permaneceu à espera com a porta aberta enquanto o condutor saía do veículo e se dirigia pelo caminho para ela.

Não era Alain, o motorista francês e elegante que esperara. Normalmente, era o motorista de Jake que trazia Saskia a casa depois de passar quinze dias com o pai em Londres ou desde o aeroporto quando Jake estava a trabalhar em Copenhaga e a pequena residia com ele. Quando Ailsa viu que eram uns olhos azuis familiares que a observavam através do manto de neve, sentiu que o coração parava.

– Olá! – cumprimentou ele.

Não via o rosto do ex-marido há muito tempo, desde que o motorista se transformara num mensageiro fiável entre eles. Descobriu que o impacto de ver aquelas feições esculpidas e inesquecíveis não diminuíra. Jake sempre tivera o tipo de sensualidade sem esforço e que garantia mais interesse por parte das mulheres em qualquer lugar que estivesse, mesmo com a cicatriz cruel que lhe percorria a face. Na verdade, aquela cicatriz fazia com que o rosto dele fosse ainda mais memorável e perturbador, não só porque uma ferida tão horrível marcara a beleza do rosto dele, mas porque vê-la acelerava os batimentos do coração de Ailsa, ao recordar como acontecera.

Durante um instante, perdeu-se na caverna escura da memória. Então, apercebeu-se de que Jake a observava fixamente, à espera que o cumprimentasse.

– Olá... Passou muito tempo, Jake – cumprimentou. Então, enquanto falava, pensou que ele devia tê-la avisado de que haveria uma mudança de planos. – Onde está Saskia? – acrescentou, assustando-se.

– Tentei ligar-te várias vezes, mas não havia rede. Porque vieste viver para aqui, para o meio do nada? Não consigo entender.

Ailsa decidiu não prestar atenção à irritação da voz dele. Afastou o cabelo do rosto e cruzou os braços. Ficara gelada com o frio da noite e com o ar gélido que sentira só de abrir a porta.

– Passou-se alguma coisa? Porque é que Saskia não está contigo? – perguntou, olhando com ansiedade para as janelas do carro com a esperança de ver o rosto bonito da filha numa delas. Quando se apercebeu de que o carro estava completamente vazio, sentiu que perdia a força nas pernas.

– Foi por isso que tentei ligar-te. Queria ficar com a avó em Copenhaga durante uns dias. Suplicou-me que a deixasse ficar até à Véspera de Natal e acedi. Como ela estava muito preocupada com a hipótese de ficares aborrecida, acedi a vir até aqui para to dizer. Tinha ouvido dizer que o tempo estava mau, mas não sabia que seria tão mau.

Sacudiu a neve que lhe cobria o loiro cabelo, mas os flocos voltaram a cobri-lo imediatamente, por isso o gesto foi inútil. Durante um longo instante, Ailsa tentou encontrar as palavras necessárias para responder. A surpresa e a desilusão apoderaram-se dela enquanto pensava em todos os planos que fizera até ao Natal para estar com a filha, uns planos que acabavam de se tornar inúteis.

Iam fazer uma viagem muito especial a Londres para ir às compras. Alojar-se-iam num bonito hotel para poderem ir ao teatro e sair para jantar. No dia anterior, chegara o abeto norueguês que encomendara e que se erguia, vazio e solitário, no salão, à espera que alguém o decorasse com as bolas brilhantes que o transformariam no emblema mágico daquela época do ano. Mãe e filha iam decorá-lo juntas, enquanto cantavam canções de Natal. Para Ailsa, era inconcebível que a filha adorada só regressasse a casa no dia de Véspera de Natal.

Para Ailsa, aqueles dias serviriam unicamente para lhe recordar como estava sozinha sem a família com que sempre sonhara. Jake e Saskia. Francamente, quase não conseguira superar os últimos sete dias sem a presença da filha.

– Como podes fazer algo parecido? Como? A tua mãe e tu já a tiveram durante uma semana! Suponho que saberás que esperava que a trouxesses hoje.

Encolheu os ombros largos sob o casaco preto e elegante.

– Porque negas à nossa filha a oportunidade de estar com a avó quando perdeu o marido tão recentemente? Saskia anima-a como mais ninguém.

Ailsa não duvidar das palavras do ex-marido, mas aquilo não fazia com que a ausência da pequena fosse mais fácil de suportar. Apesar da frustração, sentia um nó no coração ao pensar no falecimento do pai de Jake. Jacob Larsen pai fora um homem imponente, até um pouco intimidante, mas sempre a tratara com o maior dos respeitos. Quando Saskia nascera, não poupara elogios e proclamara que a neta era a menina mais bonita do mundo.

O filho devia ter sofrido muito com o falecimento. A relação entre ambos tivera os seus problemas, mas nunca tivera dúvida alguma de que Jake adorava o pai.

A neve que caía estava a transformar-se rapidamente numa tempestade de neve, o que aumentou ainda mais a tristeza e a desolação que sentia.

– Lamento muito a morte do teu pai... Era um bom homem, mas já suportei a ausência de Saskia durante muito tempo. Não consegues compreender que a queira ao meu lado quando falta tão pouco para o Natal? Fiz planos...

– Lamento muito, mas às vezes, mesmo quando não queremos, os planos têm de mudar. O facto é que a nossa filha está a salvo com a minha mãe em Copenhaga e tu não tens de te preocupar – declarou. Então, susteve a respiração e apontou para a estrada. – A polícia tinha cortado a estrada para que os condutores não passassem a menos que fosse absolutamente necessário. Deixaram-me vir porque lhes disse que enlouquecerias de preocupação se não chegasse a casa para te falar de Saskia. Cheguei por pouco, apesar de vir num todo-o-terreno. Seria uma loucura se tentasse regressar ao aeroporto esta noite e nestas condições.

Como se tivesse acordado de um sonho, Ailsa apercebeu-se de que Jake parecia estar congelado. Mais alguns minutos e aqueles bonitos lábios ficariam azuis. Apesar de a perspetiva de passar tempo com o ex-marido parecer complicada, não podia fazer outra coisa senão convidá-lo a entrar, oferecer-lhe algo quente para beber e aceder a proporcionar-lhe alojamento para passar a noite.

– Nesse caso, o melhor será entrares.

– Obrigado por me fazeres sentir tão bem-vindo – troçou, com ironia.

Aquela resposta fez com que Ailsa se sentisse muito mal. O divórcio de ambos não fora exatamente beligerante, mas, como acontecera menos de um ano depois de sofrerem o acidente de viação terrível que lhes arrebatara o segundo filho que tanto desejavam, também não fora amistoso. Tinham trocado palavras corrosivas e amargas que lhes tinham chegado até à alma. No entanto, mesmo no presente, era complicado pensar naqueles momentos horrendos e em como o seu casamento se desfizera tão surpreendentemente, pois estivera paralisada pela dor e pela tristeza.

Passara quatro anos longos e árduos a viver sem Jake. Saskia tinha apenas cinco anos quando se separaram. As perguntas da pequena sobre a partida do pai ainda perturbavam o sono de Ailsa.

– Não queria ser indelicada – desculpou-se. – Simplesmente, estou um pouco triste. É só isso. Entra e vou fazer-te alguma coisa para beber.

Jake entrou no corredor. O cheiro familiar da colónia cara teve um efeito imediato na barriga de Ailsa e fê-la contrair-se. Respirou fundo para se acalmar e fechou a porta.

A casa era encantadora. Jake nunca estivera nela. Sentiu o ambiente acolhedor e observou as paredes pintadas de lilás e adornadas com quadros de flores e fotografias de Saskia. Na parede que havia junto da escada de carvalho, um relógio mostrava placidamente as horas, uma placidez que pareciam negar-lhe constantemente.

Aquela casinha pequena e antiga parecia um lar mais real do que o apartamento luxuoso que tinha em Westminster para quando estava em Londres e até mais do que a casa elegante em que vivia quando residia em Copenhaga. Só a casa da mãe, que era nos subúrbios da cidade, podia igualar-se à de Ailsa em conforto e encanto.

Quando ela comprara a moradia, depois de se separarem, Jake sentira-se muito incomodado com o facto de ela não deixar que lhe comprasse algo mais espaçoso e espetacular para Saskia e para ela. Ailsa respondera que não queria uma casa espaçosa e espetacular, mas uma em que pudesse sentir-se em casa.

Jake recordou que a casa de Primrose Hill, que tinham comprado depois do casamento, deixara de ser um lar para qualquer um dos dois. O amor que tinham partilhado tão apaixonadamente fora destruído por um acidente cruel...

– Dá-me o casaco.

Jake fez o que lhe pedia. Quando lho entregou, não pôde evitar que os seus olhos se fixassem por um instante na luz dourada daqueles olhos cor de âmbar tão extraordinários. Sempre se sentira enfeitiçado por eles e continuava a ser assim. Percebeu que ela desviava rapidamente o olhar.

– Vou tirar os sapatos – indicou, enquanto o fazia e os deixava junto da porta. Já se apercebera de que Ailsa calçava uns chinelos de veludo preto com um laço dourado.

– Vamos para o salão. Tenho um aquecedor. Não demorarás a sentir-te mais quente.

Sem conseguir compreender os seus sentimentos turbulentos, Jake ficou em silêncio e seguiu-a. Ansiava estender a mão e acariciar as madeixas castanhas que lhe caíam pelas costas esbeltas, mas decidiu que era melhor pôr as mãos no bolso para conter o impulso.

Efetivamente, o salão era uma zona de paz quente e confortável. Tinha um bom aquecedor no centro da divisão, cuja lareira se perdia entre as vigas de carvalho que adornavam o teto. Havia dois sofás de veludo vermelho cobertos com colchas e almofadas de cores brilhantes e um tapete tecido em tons dourados e avermelhados. À frente do aquecedor, havia uma poltrona e, ao lado, umas prateleiras cheias de livros. Por último, num canto, havia um abeto muito frondoso que esperava para ser decorado. Jake sentiu que um sentimento forte de culpa se apropriava dele.

– Senta-te. Vou fazer café... A menos que prefiras um brande.

– Já não toco no álcool. Pode ser um café, obrigado.

Daquela vez, foi ele que desviou o olhar ao ver a perplexidade com que Ailsa o observava.

– Café – repetiu, antes de sair do salão.

Jake acomodou-se num dos sofás e respirou fundo. Durante um instante, observou como a neve caía pesadamente no chão. Então, imaginou a filha a brincar sobre aquele tapete com as suas bonecas e sorriu. A menina estaria a falar incessantemente com as bonecas, deixando que a sua imaginação ávida a afastasse de um mundo que, até aos cinco anos, fora confortável e perfeito e que, de repente, se tornara irreconhecível para ela quando os pais se tinham separado.

Só se apercebeu de que Ailsa regressara quando parou à frente dele para lhe oferecer uma chávena aromática de café puro. Aceitou-a, muito agradecido.

– Exatamente o que precisava – afirmou. Tentou sorrir, mas não conseguiu.

– Como está a tua mãe desde que o teu pai faleceu?

Jake observou a bonita esposa do outro lado da sala. O aspeto dela sempre fora elegante, embriagador e hipnótico, como o de uma bailarina. Usava umas calças de ganga que destacavam as ancas esbeltas e a cintura estreita, e também uma camisola. Quando se sentou no outro sofá, Jake não pôde evitar sentir-se dececionado, pois preferia que se sentasse junto dele. Ela agarrava uma chávena de chá com os dedos esbeltos e sem anéis. Jake também se sentiu muito dececionado por ela já não usar a aliança de casamento. Era outro sinal inequívoco que demonstrava que o seu casamento acabara para sempre. Protegeu-se com as defesas que construíra ao longo daqueles quatro anos sem ela.

– Aparentemente, está bem – replicou, – mas a realidade é muito diferente.

Na verdade, podia ter estado a falar sobre si próprio.

– Nesse caso, talvez seja bom que Saskia fique um pouco mais de tempo com ela. Quanto tempo passou desde que o teu pai morreu? Seis meses?

– Mais ou menos – respondeu ele, antes de beber um gole de café. Estava tão quente que queimou a língua.

– E tu? – insistiu ela.

– O quê?

– Como lidaste com a morte do teu pai?

– Sou um homem muito ocupado, com um negócio imobiliário para gerir. Não tenho tempo para pensar em nada senão no meu trabalho e na minha filha.

– Queres dizer que não tens tempo para sentir a falta do teu pai? Isso não pode ser bom.

– Algumas vezes, todos devemos ser pragmáticos – insistiu ele. Esticou-se e deixou a chávena numa mesa próxima. Depois, apoiou as mãos nos joelhos. Ailsa sempre gostara de saber tudo e parecia que, nisso, nada mudara. No entanto, já não queria falar com ela sobre os seus sentimentos. As feridas que ainda tinha no coração serviam para o demonstrar.

– Lembro-me de que tu e ele tinham as vossas divergências. Pensei que o seu falecimento poderia ser uma oportunidade para pensares nas coisas boas que houve na vossa relação. Foi só isso.

– Como te disse... Estive muito ocupado. Ele já não está connosco e é uma pena, mas uma das coisas que me ensinou foi a sobrepor-me aos meus sentimentos e a seguir em frente. Ao fim do dia, isso ajudou-me muito mais com os problemas da vida do que deixar-me levar pela dor. Se não estás de acordo com essa estratégia, lamento, mas as coisas são assim.

Sentiu que a raiva se apoderava dele. Deixou de lado a morte do pai e o seu arrependimento por não ter conseguido manter uma comunicação mais fluida com o progenitor e recordou-se que ele não fora o único que sofrera nos anos que tinham passado desde que o seu casamento acabara. Nos quatro anos passados desde o divórcio, Ailsa ficara muito mais magra e as linhas de expressão do rosto dela tinham-se aprofundado. Talvez não estivesse tão bem como lhe parecera. De repente, desejou saber como estava tudo. Saskia dissera que a mãe trabalhava muitas horas no seu negócio de artesanato, até aos fins de semana. Não havia necessidade de trabalhar tanto. O acordo de divórcio que assinara era muito generoso, tal como o próprio Jake desejara.

Franziu o sobrolho.

– Porque trabalhas tanto? – perguntou, sem pensar.

– Como?

– Saskia disse-me que trabalhas de dia e de noite nisso do artesanato.

– Nisso do artesanato? – repetiu, ofendida. – Giro um negócio que me mantém ocupada quando não estou a cuidar de Saskia e adoro. O que esperavas que fizesse quando acabámos, Jake? Que ficasse sentada com os braços cruzados? Ou talvez esperasses que me conformasse com gastar o dinheiro que me deste num guarda-roupa novo e elegante cada temporada?

– Alegra-me saber que o teu negócio está a correr bem – afirmou, endireitando-se no sofá. – E, a respeito do dinheiro que te dei, podes fazer o que quiseres com ele. Desde que cuides adequadamente de Saskia quando estiver contigo, mais nada importa. Vi que pareces cansada e que perdeste peso... Foi por isso que perguntei. Não quero que te canses desse modo quando não é necessário.

– Não estou a cansar-me. Às vezes pareço cansada porque não durmo muito bem, é só isso. Acontece desde o acidente, mas não importa. Tento descansar sempre que é possível, mesmo que seja durante o dia.

– Disse-te há muitos anos que devias falar com o médico para te ajudar a descansar melhor – queixou-se, sem conseguir conter-se. – Porque não o fizeste?

– Já fui falar com médicos suficientes. Estou cansada e não quero falar com mais nenhum. Além disso... Não quero tomar comprimidos para dormir para não parecer um zombie todo o dia. A menos que os médicos tenham descoberto um método infalível de erradicar as lembranças dolorosas, porque é isso que me mantém acordada de noite, simplesmente terei de viver com isso. Não é isso que tencionas fazer?

– Meu Deus! – exclamou ele, levantando-se. Como conseguiria suportar a dor que ouvia na voz de Ailsa, uma dor por que era responsável?

Um condutor bêbado chocara com eles naquela noite escura e chuvosa em que o seu mundo acabara de repente. No entanto, Jake devia ter conseguido fazer alguma coisa para evitar o acidente. Às vezes, à noite, no mais profundo dos seus sonhos torturados, ouvia os gritos terríveis de dor da esposa no carro, junto dele... Nos seus votos matrimoniais, prometera amá-la e protegê-la para sempre e, naquela noite cruel de dezembro, quebrara todas as suas promessas... Só podia agradecer a Deus por Saskia ter estado com os pais dele naquele momento em vez de no carro com eles. Não conseguia pensar na hipótese de a filha ter ficado tão gravemente ferida como a mãe.

Decidiu que devia ser masoquista. Porque tivera de ir até ali para dizer a Ailsa que Saskia ia ficar mais uns dias com a avó? Podia ter pedido a Alain, o motorista. Não fora isso que passara quatro anos a fazer para não ter de se encontrar cara a cara com a mulher que amara mais do que teria achado possível? Não o fizera assim para não ter de falar com ela sobre assuntos mais profundos que os tinham separado?

Suspirou e penteou o cabelo com os dedos. Só ia ficar ali por causa da tempestade de neve. Assim que as estradas estivessem limpas, ir-se-ia embora para o aeroporto e regressaria a Copenhaga para estar com a mãe e a filha durante alguns dias, antes de voltar ao trabalho.