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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Lucy King. Todos os direitos reservados.

FALSA REPUTAÇÃO, N.º 1457 - Abril 2013

Título original: The Couple Behind the Headlines

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2013.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®, Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2925-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

Duzentas e cinquenta mil libras?

Imogen ficou a olhar para o catálogo, de boca aberta. Tinha de haver um erro tipográfico ou algo parecido. Porque não era possível acreditar que alguém desse um quarto de milhão de libras por... Aquela coisa.

Imogen encheu-se de coragem, virou-se e ficou a olhar para a tela pendurada na parede. Sentiu um calafrio. O aguilhão da sociedade era tão espantosamente feio, que todas as células do seu corpo estremeceram em protesto. Tinha um aspeto tão primitivo, que parecia feito pelo seu sobrinho de cinco anos em pleno ataque de fúria. Era tão horrível, que nem todo o champanhe que estavam a oferecer podia paliar o seu choque.

E era enorme. O artista, que tinha espalhado uma labareda de cores estridentes pela tela ao acaso, sem dúvida pensaria que a sua criatividade era demasiado grande para se confinar.

Se O aguilhão da sociedade fosse um caso isolado, poderia lidar com ele enquanto aproveitava ao máximo o champanhe, mas não era. As paredes brancas da galeria estavam cheias daquelas coisas. Sob as imperdoáveis luzes brilhantes pendiam duas dúzias de telas, todas com as mesmas pinceladas de cor, todas igualmente horríveis e todas com o mesmo preço espantoso.

Imogen franziu o sobrolho. Era a primeira a admitir que não era perita em arte moderna, mas, na sua opinião, o lote completo deveria ser atirado ao Tamisa, mas, pelos vistos, era a única que opinava assim, pensou, olhando à sua volta. As pessoas inclinavam a cabeça e batiam com o indicador na boca enquanto diziam tolices esotéricas sobre alegorias e metafísica.

Virando-se outra vez para o quadro que tinha diante de si, Imogen semicerrou o olhar enquanto tentava encontrar-lhe o sentido, mas não conseguiu.

Aquilo parecia-lhe uma loucura. Quem no seu juízo perfeito pagaria semelhante quantia por uma coisa tão horrível?

Fez mentalmente uma lista de todas as coisas que poderia conseguir-se com um quarto de milhão de libras. No dia anterior, o seu departamento tivera de atribuir a mesma quantia a um dos projetos da Fundação Christie e ainda tinha as opções frescas na memória. Gastar o dinheiro num borrão de cores não era uma delas.

Mas o que sabia ela?

Imogen deu um passo atrás, mordeu o lábio e franziu o sobrolho. Os acontecimentos recentes tinham demonstrado que não tinha muito critério, portanto, quem era ela para dizer se aquelas obras eram boas ou não?

Tinham passado apenas dois meses desde que Connie, a sua melhor amiga desde a escola, fugira com Max, o seu namorado. E, embora a agonia lacerante tivesse passado a uma dor latente, ainda lhe custava.

E mais ainda naquela noite, pensou Imogen, com tristeza. A última vez que estivera na inauguração de uma exposição fora com Connie. Tinham-se rido e falado em voz alta e pomposamente sobre a luz, a profundidade e a perspetiva, tinham acabado com os canapés e, em seguida, tinham ido a uma discoteca da moda.

Mas naquela noite estava sozinha e Connie, aquela víbora, estaria possivelmente em casa, aninhada no sofá com Max, a planear o casamento.

Sentiu um aperto no coração. Já dissera milhões de vezes a si mesma que tinha de o superar e estava a fazer muitos progressos, mas, de vez em quando, sobretudo quando menos o esperava, a situação voltava a embargá-la. Como agora.

Sentiu um ardor nos olhos, mas conteve as lágrimas e esticou os ombros. O que lhe importava o que estivesse a fazer Connie? E que a amizade que tinham, que começara na escola primária e tinha continuado durante vinte e cinco anos, se tivesse desintegrado nos dez segundos que demorara a ler a carta de Max? E que o seu ex-namorado e a sua antiga melhor amiga fossem casar-se?

Não lhe importava. Tivera muito tempo para refletir sobre a traição e tinha chegado à conclusão de que, na realidade, lhe tinham feito um favor. Quem necessitava de amigos capazes de algo parecido?

E quanto a Max... Sim, sem dúvida, era muito bonito com aquele cabelo escuro ondulado, os olhos brilhantes e o seu encanto, mas era uma perda de tempo e estava melhor sem ele.

A imprensa também a tinha acusado de ser uma perda de tempo. Faziam-no com frequência e, às vezes, com razão, mas não lhe importava, pois planeava mudar aquilo e demonstrar aos seus críticos que tinha algo para oferecer ao mundo.

Por seu lado, Max parecia encantado em passar o resto da vida a aperfeiçoar aquele ar de indolência. Portanto, se Connie quisesse passar o resto da dela a massajar aquele ego, força!

Imogen abanou a cabeça perante a sua ingenuidade. Longe de serem o casal perfeito que ela sempre pensara que eram, agora sabia que Max e ela eram como a água e o azeite. O mais estranho da sua relação não era como tinha terminado, mas que tivesse durado tanto.

Dirigiu outro olhar àquela monstruosidade chamada O aguilhão da sociedade. Já estava farta de tudo: dos playboys ricos, das melhores amigas traidoras e de quadros pretensiosos que se consideravam obras de arte. Tinha conseguido o que pretendia. As duas taças de champanhe tinham feito um trabalho excelente para esquecer o impacto e a dor que tinha sentido ao saber do noivado.

Imogen apertou os dentes, virou-se e chocou contra algo duro. Algo que soltou um gemido e que a rodeou com os braços para não perder o equilíbrio.

Durante um instante, sentiu-se como se o mundo tivesse parado. Ficou ali de pé, espantada, esmagada contra aquele ser, com a cabeça a andar à roda.

Então, o impacto passou e o seu cérebro registou mais coisas. Como o facto de que era um homem. Alto. Forte. Quente. Os braços fortes agarravam-na. E cheirava maravilhosamente bem.

Imogen não recordava quando fora a última vez que estivera tão perto de um homem assim. Se é que alguma vez estivera. E, para seu horror, o seu corpo começou a responder. Sentiu um aperto no estômago. Acelerou-lhe o coração e subiu-lhe a temperatura. Durante uma décima de segundo, desejou apertar-se mais contra ele. Sentir que os braços dele a protegiam.

Imogen pestanejou várias vezes para recuperar a prudência. Tinha de parar com aquilo. Tinha vivido recentemente um abalo emocional e a última coisa que precisava era atirar-se nos braços de outro homem. Metaforicamente falando, é óbvio.

E porque raios pensava que necessitava de proteção? Era perfeitamente capaz de se proteger a si mesma. Estava habituada.

Reunindo toda a coragem que pôde, inspirou com força e tentou não reagir ao aroma embriagador a sândalo e a sabonete que lhe subiu pelas fossas nasais.

– Oh, desculpe... – murmurou, afastando-se e levantando o olhar para ver quem tinha provocado semelhante efeito nela.

E esteve prestes a desmaiar.

Todos os pensamentos sobre Connie, Max e a necessidade de se proteger desapareceram quando cravou o olhar no homem mais bonito que vira na sua vida.

Para começar, tinha umas pestanas escuras e compridas pelas quais ela teria matado. E, em seguida, havia as rugas de expressão que lhe rodeavam os lábios e que sugeriam que se ria muito.

Engolindo em seco ao recordar o pouco que se ria agora, Imogen concentrou-se na cor dos seus olhos. Aquele tipo de azul era pouco habitual. Fazia-a pensar no céu de verão e no Mediterrâneo. E, caso tudo isso não fosse suficiente, havia o brilho. O brilho que surgia das profundidades dos seus olhos e sugeria perigo, entusiasmo e travessuras. Diversão.

Imogen tentou controlar-se enquanto lhe deslizava o olhar pelo resto do rosto, que superou as suas expetativas. Tinha o cabelo perfeito para despentear e uma boca com aspeto de dar beijos arrebatadores.

A combinação daquela cara e daquele corpo era fatal, pensou, contendo um calafrio. Para quem estivesse interessado. E ela não estava.

– A culpa foi minha – disse ele, com um sorriso, largando-a.

Imogen deu precipitadamente um passo atrás.

– E sem entornar uma gota – disse, olhando para as taças de champanhe. – Impressionante.

– Estou habituado.

A que as mulheres chocassem contra ele? Não admirava.

– Que sorte!

O homem sorriu mais e Imogen sentiu que algo no seu interior se derretia. Certamente, a sua fraca resistência.

– Tu é que tens sorte – assegurou ele, oferecendo-lhe uma das taças, – porque te trouxe uma taça de champanhe. Deu-me a impressão de que te faria bem.

Estivera a observá-la? Ao imaginar aqueles olhos a olharem-na acelerou-lhe o coração e teve de engolir em seco para combater a secura repentina da boca.

– Já me ia embora – disse, com um tom mais rouco do que pretendia.

O homem olhou para o quadro que estava atrás dela e, em seguida, outra vez para ela.

– Espero que o escorpião não seja a causa – disse.

– É um escorpião? Nunca o teria adivinhado.

– Representa a luta do Homem contra a injustiça do Capitalismo.

Imogen inclinou a cabeça e franziu o sobrolho.

– É um pouco hipócrita pedir um quarto de milhão de libras por um quadro com umas quantas pinceladas que, pelos vistos, representam a injustiça do Capitalismo, não te parece?

– Sinceramente, não pensei nisso – disse ele, com indiferença.

Imogen perguntou-se distraidamente o que acontecera à sua intenção de partir. Pegou na taça que estava a oferecer-lhe e levou-a aos lábios.

– Obrigada – murmurou, bebendo um gole.

– E diz-me, o que te parece o quadro?

– Sinceramente? Faz com que me sangrem os olhos – afirmou ela, com mais aspereza do que pretendia.

O homem inclinou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada.

– E eu que pensava que tinha uma grande luz, profundidade e perspetiva! – assegurou, passando a mão pelo cabelo.

Imogen ficou paralisada durante um segundo e olhou-o nos olhos. Um pensamento atravessou-lhe a mente.

– Oh, não és o artista, pois não?

Ele arqueou os sobrolhos.

– Tenho aspeto de ser o artista?

Imogen olhou-o de cima a baixo e sentiu como o sangue lhe bulia nas veias, mas conseguiu convencer-se de que era uma reação perfeitamente normal a um homem extremamente bonito. Certamente, não se parecia com nenhum dos artistas que conhecera.

– A verdade é que não – disse, com a maior naturalidade possível.

– Graças a Deus! – Imogen recuperou a compostura. Se aquele homem se dera ao trabalho de lhe levar uma taça de champanhe, o mínimo que podia fazer era falar com ele alguns minutos antes de se ir embora. – E porque sabes tanto sobre esta obra em particular?

– Porque é minha.

– Meu Deus! Porquê? – perguntou, espantada, revendo a opinião que tinha sobre ele.

Talvez fosse muito bonito, mas o seu gosto artístico deixava muito a desejar.

– Conseguia-a num leilão de beneficência.

Imogen arqueou os sobrolhos.

– Mais alguém a licitou? – a ideia de que houvesse duas pessoas interessadas naquele objeto parecia-lhe inconcebível.

– Um amigo meu – reconheceu ele, assentindo com um sorriso. – Mas, por fim, retirou-se.

– Um homem inteligente.

Ele encolheu os ombros.

– Não tinha muitas hipóteses. Eu gosto de ganhar.

Imogen olhou-o com ceticismo e reparou na firmeza do queixo. E deduziu que, efetivamente, gostava de ganhar a qualquer custo.

– Bom, parece-me que nesta ocasião foste tu que perdeste – disse, reprimindo um calafrio perante a ideia excitante de ser conquistada por alguém assim.

O homem olhou para ela durante um longo instante.

– Talvez tenhas razão – murmurou finalmente.

Imogen tentou pensar que aquele homem era um idiota com mais dinheiro do que bom senso, mas não conseguiu.

– Portanto, na realidade, adquiriste-o por acaso.

– Parece que sim – ele inclinou a cabeça e sorriu. – Mas foi um acaso feliz porque, com o passar dos anos, aumentou o seu valor.

– E isso é importante?

– O lucro é sempre importante.

Imogen franziu o sobrolho.

– Bom, suponho que, nesse caso, a simples apreciação de algo belo não entre na equação.

O olhar do homem iluminou-se enquanto a percorria.

– Não sei – murmurou.

Imogen sentiu que lhe ruborizavam as faces e uma onda de calor em sítios onde nunca pensara que voltaria a senti-lo. Não queria senti-lo. Endireitou as costas e levantou o queixo.

– De qualquer forma, os meus pêsames.

– E porque não me fazes uma oferta de compra? – sorriu.

Imogen pensou que naquele momento poderia oferecer-lhe tudo o que ele quisesse.

– Deves estar a gozar! – assegurou, com horror. – Não é o meu estilo.

– É uma pena – disse ele, passando a mão pelo queixo. – Tenho a sensação deprimente de que nunca será vendido.

– E surpreende-te?

– Não muito, mas, se não o vender, Luke, o amigo que se retirou do leilão, nunca me deixará esquecê-lo. Passará a vida a provocar-me – reconheceu, franzindo os lábios. – Bom – disse, acabando a sua taça e deixando-a na bandeja de um empregado que passava por ali. – Eu sei porque estou aqui, mas, se este não é o teu estilo, o que fazes aqui?

Imogen ficou muito quieta. Apagou-se-lhe o sorriso e apertou a taça com mais força.

Oh, meu Deus, o que podia dizer? Não podia contar-lhe a verdade. Que meia hora antes ficara a saber do noivado de Max e Connie. Através do Facebook! Que ficara tão desconcertada, tão perdida e tão magoada por não se terem incomodado sequer em telefonar-lhe para lho contarem pessoalmente, que saíra do escritório à procura da fonte mais próxima de álcool, que era a galeria da porta do lado.

Nem pensar! Guardá-lo-ia para si mesma. Portanto, consciente de que estava à espera de uma resposta, Imogen encolheu os ombros e abriu um sorriso.

– Decidi que precisava de ampliar os meus horizontes – disse, pensando que afinal não estava a mentir.

– Entendo – o homem esboçou um sorriso muito sensual e brilharam-lhe os olhos. – Necessitas de ajuda?

Ela ficou a olhar para ele, enquanto um calafrio lhe percorria a espinha dorsal. Ajuda? Meu Deus, a julgar pelo brilho dos seus olhos, entendia perfeitamente que tipo de ajuda estava a oferecer-lhe. O tipo de ajuda em que não estava interessada, recordou a si mesma.

– Obrigada, mas não – disse, com uma firmeza que não sentia.

– Tens a certeza? Porque sou muito bom a ampliar horizontes.

– Não tenho a mínima dúvida.

Ele sorriu e, embora não se tivesse mexido nem um milímetro, Imogen sentiu que se aproximava mais.

– Janta comigo e mostrar-te-ei como sou bom a fazê-lo.

Capítulo 2

 

Imogen pestanejou, surpreendida, embora não entendesse porque a surpreendia tanto o convite. Não era a primeira vez que a convidavam para jantar. Talvez se devesse a que a intensidade da sua atenção a deixara muda.

– Jantar? – murmurou.

– Sim – assentiu ele. – Jantar. É o que vem depois do almoço e antes do pequeno-almoço. Costuma ser a esta hora. O que me dizes?

Imogen estava convencida de que a resposta tinha de ser que não. Não queria saber nada de homens e, além disso, precisava de se concentrar em compor os seus sentimentos em vez de se deixar arrastar pelo feitiço de um homem tão magnético e perigoso.

Mas o seu bom senso começava a desfazer-se sob aquele olhar hipnótico. Era tentador. Depois de dois meses de infelicidade, faria bem à sua autoestima receber um pouco de atenção. E após três taças de champanhe, o seu estômago precisava de comida. Que mal lhe fariam algumas horas na companhia de um homem atraente e atencioso?

Sentindo como se animava, Imogen riu-se pela primeira vez em semanas e sentiu-se leve como não se sentia há meses.

– Nem sequer sei como te chamas.

– Jack Taylor – estendeu-lhe a mão.

– Imogen Christie – respondeu ela, apertando-lha.

Durante um instante, ficou tão desconcertada pelo contacto da mão dele na sua, que não registou o nome. Estava demasiado ocupada a maravilhar-se com o modo como o seu corpo parecia ter ganhado vida repentinamente e a pensar em como ia divertir-se no jantar, mas, alguns segundos depois, congelou-lhe o sorriso e sentiu um aperto no estômago.

Bolas! Jack Taylor? Não o Jack Taylor, pois não? Sobre o qual tinha lido, sobre o qual a tinham advertido...

Retirou a mão ao sentir uma pontada de desilusão. Fragmentos aleatórios de informação passaram-lhe pela mente. Factos que devia ter armazenado inconscientemente durante anos e que agora formavam uma longa lista. Segundo a imprensa financeira, aquele homem era uma espécie de superestrela do investimento. Ganhava milhões por dia assumindo riscos que podiam considerar-se uma loucura ou uma genialidade segundo o ponto de vista. Tinha um grande património e sucesso mundial.

Pelos vistos, acontecia o mesmo com as suas atividades extracurriculares. Segundo o tipo de imprensa que preferia os mexericos às finanças, Jack Taylor era uma lenda. Era bonito e encantador, carismático e, ao mesmo tempo, distante. Era um autêntico quebra-corações, como descobrira a pobre Amanda Hobbs. Imogen não a conhecia pessoalmente, mas era amiga de uma amiga e, por isso, sabia que andara a sair com ele, até que a abandonara e ela tivera de ir para Itália para recuperar.

A desilusão de Imogen converteu-se numa coisa mais fria, pois Jack Taylor era como Max. O tipo de homem que ela jurara evitar.

Segundo os rumores, alguns anos antes estivera inclusive metido numa aposta pela Internet por uma mulher. Recordou que o nome de utilizador dele era «Sexo magnífico garantido». Isso não lhe dizia tudo o que precisava de saber?

Agora que o via com todo aquele encanto e segurança em si mesmo, com os olhos brilhantes, perguntou-se como era possível que lhe tivesse passado ao lado a sua arrogância inata, o ar inconfundível de riqueza. O sorriso brilhante de um homem que sabia que as mulheres caíam na sua cama como peças de dominó.

«Bom, não esta mulher!», pensou Imogen, com firmeza, recuperando a compostura. Tinha escolhido mal ao reparar nela. Muito mal.

Uma parte dela sentia-se lisonjeada por ser alvo do famoso Jack Taylor, mas não cairia na sua cama, nem em nenhum outro sítio. Era imune. E, certamente, o jantar não era uma opção.

– Conheço um sítio maravilhoso ao virar da esquina – estava a dizer ele.

Imogen fez um esforço para voltar a concentrar-se na conversa.

– Na verdade, não penso que seja assim tão boa ideia – disse, endireitando os ombros e sorrindo com tensão.

Fez-se silêncio. Certamente, nunca o tinham rejeitado na vida. Jack inclinou a cabeça e olhou-a fixamente.

– Porquê?

– Estou ocupada.

– Então, que tal noutra noite?

– Obrigada, mas não.

– Tens a certeza?

– Diz-me uma coisa, Jack – disse ela, encantada por verificar que soava tão depreciativa como pretendia. – Nunca ninguém te disse que não?

Ele sorriu, claramente divertido pelo seu tom.

– Ultimamente, não.

– Bom, há sempre uma primeira vez para tudo – afirmou ela, com irritação.

Aquilo deveria ter bastado. Já deveria ter percebido a mensagem de que não estava interessada e, agora, virar-se-ia e iria à procura de uma presa mais fácil.

Mas, para seu espanto, nem sequer apagou o sorriso. De facto, brilharam-lhe ainda mais os olhos. E, sem aviso prévio, pôs-lhe uma mão no pescoço e inclinou-se para a frente.