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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Trish Wylie

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Segredos na ilha, n.º 2151 - dezembro 2016

Título original: Bride of the Emerald Isle

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9168-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Keelin O’Donnell sempre preferira as manhãs. Contudo naquele dia começava a duvidar da sua preferência.

Fez uma pausa, olhou rua abaixo e suspirou. A casa devia estar perto. Ainda morriam pessoas no deserto?

Ouviu um latido nas proximidades.

– Incrível! – protestou em voz alta. – Agora vou ser devorada por cães selvagens…

O latido soou mais perto e ela tentou perceber com os seus olhos azuis de onde vinha. A névoa matinal estava a ceder e conseguia ver mais do que a silhueta dos velhos muros de pedra: à frente dela estendiam-se campos ainda húmidos pelo orvalho da manhã.

Conseguia ouvir o barulho do mar como música de fundo e sentir o seu cheiro no ar. No entanto, mesmo com o ritmo tranquilizador das ondas a bater nas rochas, sentia-se a última pessoa à face da terra. Até que a sua visão periférica viu uma sombra entre a névoa.

Os latidos também pareciam mais perto. Foi então que uma voz chamou um dos cães, seguido de um assobio. Keelin percebeu então que se tratava de uma figura masculina. Um homem que caminhava em direcção a ela, como num sonho, como se fosse um fantasma do amanhecer.

O sol surgiu e iluminou uma madeixa de cabelo preto do homem. Keelin permaneceu imóvel, enquanto ele se aproximava e olhava directamente para ela.

O homem era impressionante. Parecia saído de um anúncio de calças de ganga.

Quando ele avançou por aquela terra irregular com dois cães springer spaniel ao seu lado, ela sentiu-se transportada no tempo.

Devia ser por causa da roupa. Usava um casaco de pele e trazia um cajado. Parecia Heathcliff, a personagem de O Monte dos Vendavais.

Keelin sentiu a boca seca. De onde saíra aquele homem tão sexy? Era um desperdício que tivesse aparecido na costa do Condado de Kerry, pensou Keelin.

– Bom dia.

Meu Deus! Até a voz era sedutora! Seria real?

Keelin observou-o quando ele se aproximou mais. Afinal de contas, sempre suspirara por homens altos, morenos e atraentes. Quem não suspirara?

«Diz alguma coisa, Keelin!», pensou.

Pigarreou silenciosamente e disse um sensual:

– Olá.

O homem continuou a olhar para ela.

– Está perdida?

Podia estar, depois de olhar para ele…

– Não, segundo as indicações do homem do hotel.

– Patrick? – o homem sorriu levemente.

E ela reparou nas covinhas na sua cara.

– Disse-lhe que era já ali, não disse?

Ela assentiu.

– É uma partida que costuma pregar aos desprevenidos, não é?

– Receio que sim – respondeu o homem e estendeu uma mão para acariciar um dos cães, que abanava o rabo de contentamento. – Para onde quer ir?

– Para Inishmore House.

Keelin tentou não ter ciúmes de um cão. Afinal de contas, ninguém acariciava a sua cabeça desde que tinha nove anos e, na altura, odiava que o fizessem.

– Devia ser por aqui. Li num folheto que esta ilha só tem doze quilómetros de diâmetro, portanto não pode ser muito longe… Senão caio na outra ponta.

– Oh, ainda faltam alguns quilómetros para isso acontecer.

– Isso tranquiliza-me imenso.

Ele aproximou-se do muro de pedra que os separava. Um dos cães apareceu e apoiou-se no muro.

Keelin sorriu-lhe em resposta e depois olhou novamente para o homem. Este tinha uns olhos castanhos sensacionais. No entanto ela sabia que uns olhos assim podiam causar muito sofrimento.

– O que a traz a Inishmore House?

Aquilo era como dizer: «O que faz uma rapariga bonita como tu num sítio como este?», pensou Keelin.

Contudo ela não fizera uma viagem tão longa para procurar um novo amor, pois não? Naquela altura da sua vida não precisava de mais complicações.

Não. Tinha coisas mais importantes para fazer. Não podia distrair-se.

Portanto mudou o tom de voz, passou para um tom menos caloroso e deixou claro que tinha algo importante para fazer.

– Estou à procura de uma pessoa. É perto?

– É já ali.

– Muito engraçado.

O homem riu-se.

A profundidade da sua gargalhada tocou-lhe no seu interior e fez com que estremecesse.

Devia ser algo na atmosfera que fazia com que tivesse aquela reacção.

Devia sentir-se seduzida pela situação.

Seria para evitar aquilo que fora descobrir?

Não havia tempo para fantasias. Não fora até ali para se sentir seduzida por um homem atraente.

– Se pudesse indicar-me a direcção correcta, por favor… Seria uma grande ajuda, obrigada.

– Posso fazer mais do que isso – deixou o seu cajado no muro e saltou, apoiando-se num ramo. Depois olhou para ela e acrescentou: – Eu levo-a até lá.

Keelin lera muitas histórias de assassinatos e aquele homem, com aquele corpo e aquela voz, era suficientemente perigoso para deixar que a acompanhasse.

– Não, não se incomode, obrigada. Preciso apenas que me indique o caminho.

– Eu vou nessa direcção.

«Comigo, não», pensou Keelin.

– Não, a sério, obrigada. Tenho a certeza de que consigo…

– Já não existem cavalheiros nas grandes cidades?

«Não muitos», pensou ela. Porém a questão não era essa.

– Você é um estranho. Não o conheço.

– Bom, isso resolve-se facilmente – estendeu a mão. – Sou Garrett…

– Não preciso de saber quem você é. Desculpe. Só preciso de chegar a Inishmore House. Não estou aqui para conhecer estranhos no meio do nada.

O homem baixou a mão.

– É um pouco presunçosa, não é?

Keelin viu um brilho brincalhão nos olhos dele. Aparentemente, o estranho estava a divertir-se com a situação. Contudo era muito tentador. No entanto não ia deixar-se levar por um homem atraente.

Um dia, a sua mãe fora a Valentia e deixara-se levar por um homem, e o que ganhara com isso?

– Ouça, senhor…

– Garrett.

Ela franziu o sobrolho. Se a sua tentativa de manter aquele estranho à distância não resultasse, teria de ser mais directa.

– Garrett. Tenho a certeza de que haverá muitas turistas com as quais pode divertir-se de vez em quando… Mas eu não sou uma delas, nem estou interessada em divertir-me. Também não ficarei cá tempo suficiente para me deixar levar pelo seu encanto especial… Portanto, porque não me indica o caminho? Prometo que direi ao posto de turismo que as pessoas de cá são muito amáveis.

– Acaba de dizer que não é uma turista.

– Não, não sou.

– Então, como vai dizer ao posto de turismo que tenho um encanto especial?

Keelin suspirou.

– Esqueça. Encontrarei o caminho sozinha.

Garrett pôs-se ao lado dela e, quando ela se virou para olhar para ele, quase tropeçou num dos cães. Garrett segurou-a pelo braço. Ela apoiou-se na sua força por um instante, contudo recuperou rapidamente, soltou o braço e afastou-se. Olhou para ele nos olhos e disse:

– Pode fazer-me o favor de se ir embora?

– Já lhe disse que vou nessa direcção.

– Bom, então eu espero que vá à frente e eu vou depois.

Keelin cruzou os braços e ele sorriu disfarçadamente.

– É sempre assim tão mal-educada com alguém que quer ser um cavalheiro?

– Só quando estou perdida numa zona onde um assassino pode estar escondido.

– Tenho cara de assassino em série?

– Não é preciso ser um assassino em série. Basta que consiga matar-me.

– Bom, juro que sou um bom rapaz. Além disso, conheço bem o caminho. Se a deixasse sozinha, podia ir na direcção contrária e cair nas falésias. Isso arruinaria definitivamente a minha reputação.

Keelin olhou para ele.

Depois abanou a cabeça, ao perceber que aquele brilho nos olhos dele significava que estava a divertir-se com a situação. Garrett não tinha nada de ameaçador. Embora fosse estranho ter tanta certeza disso apenas dez minutos depois de o conhecer. Era tudo muito surreal.

Precisava de um café, um cappuccino talvez, pensou Keelin.

Ela não disse nada e Garrett fez uma cara divertida.

Um dos cães deve ter reparado como o ambiente estava tenso porque levantou as duas patas como se quisesse cumprimentá-la, sujando a sua roupa.

Keelin andou para trás. Normalmente gostava de cães, contudo assustara-se com o movimento.

– Senta, Ben! – exclamou Garrett.

O cão obedeceu imediatamente, sentou-se ao lado do seu dono e olhou para ele com olhos de adoração.

– Oh, impressionante. Incrível – disse ela.

– Às vezes são demasiado sociáveis.

– É algo muito habitual nestas paragens, não é? – perguntou sarcasticamente.

Ele olhou para as marcas das patas do cão na roupa dela e depois continuou a olhar mais para baixo.

– Isso são galochas?

Keelin olhou para baixo.

– Sim.

Comprara-as especialmente para a viagem. Em Dublin não faziam muita falta.

Keelin olhou para o cabelo de Garrett: castanho-escuro.

– O que têm?

– Têm flores.

– Sim. Sou uma mulher – respondeu Keelin.

– Sim, já tinha percebido.

Ela corou.

– É que as galochas deviam ser pretas ou castanhas – explicou Garrett.

– E azul-marinho?

– Às vezes.

Ela olhou para ele e quase se esqueceu de tudo ao ver como ele era atraente. Zangou-se consigo mesma. Como podia excitar-se com uma conversa sobre galochas?

– Parece-me que tem de sair mais vezes da ilha.

– E explorar a quantidade de possíveis cores de galochas?

– Exactamente. Alargar os seus horizontes.

Ele aproximou-se.

– Pois… Até o fazia… Mas sou um homem e os homens gostam de galochas pretas, castanhas ou verdes. É mais prático.

Keelin engoliu em seco.

– Então… Está disposta a caminhar um pouco mais, agora que esclarecemos o assunto das galochas?

– Não vai deixar-me ir sozinha, pois não? – soube instintivamente.

Garrett abanou a cabeça.

– Não.

Maldito cavalheirismo! Quem seria assim nos tempos de hoje?, pensou ela.

Keelin desviou o olhar, suspirou e disse, resignada:

– Bom, então vamos. Mas aviso já: tenho um curso de defesa pessoal.

Ele sorriu discretamente e depois disse:

– Esteve demasiado tempo na cidade…

– O que o faz pensar que sou da cidade?

– Nota-se. Tem ar de… – olhou para ela. – Fina.

– Está a chamar-me opulenta?

– E não é?

Se ele soubesse, pensou ela.

– Se me conhecesse melhor, saberia que sou uma pessoa muito simples. Mas, por favor, não deixe de formar uma ideia preconceituosa de mim.

– É por isso que está a gostar tanto de estar na ilha, não é? – comentou com ironia.

Não, não era por isso que não estava a gostar da ilha.

Ela olhou para o caminho que ladeava o muro de pedra. Um pouco mais à frente havia uma bifurcação. Qualquer dos dois caminhos podia ser a direcção correcta.

Keelin suspirou e confessou:

– A culpa não é da ilha. Fico tensa quando estou nervosa.

– Sou eu que estou a pô-la nervosa, não sou?

Ela olhou para ele e, com um sorriso malévolo, respondeu:

– Quem é o presunçoso agora?

Ele sorriu. Surgiram-lhe umas covinhas na face. Meu Deus, que sorriso!, pensou e sorriu.

– Assim já gosto mais – disse Garrett, rindo-se e aproximando-se do ouvido dela. – Vê? Agora parece menos opulenta.

Ela ainda sorria quando Garrett chamou os cães com um assobio.

– Seduz todas as mulheres que se perdem na ilha?

Ele olhou fixamente para ela e disse:

– Se calhar é você que faz com que eu seja assim.

Keelin revirou os olhos e ele voltou a rir-se suavemente.

Depois caminharam em silêncio.

– E está nervosa porquê?

– Digamos que ainda não sei bem o que estou aqui a fazer.

– Conhece alguém em Inishmore?

– Não. Ainda não.

– Tem alguém à sua espera? – perguntou ele um segundo depois.

– Não, acho que não.

Ele assentiu, como se estivesse a confirmar algo que supusera.

– Então, traz más notícias?

Keelin olhou para o céu e disse:

– Mais ou menos.

Garrett olhou para ela com um sorriso e disse:

– Ninguém gosta de dar más notícias. Não é de estranhar que esteja nervosa.

Keelin olhou para ele, fascinada pelo seu sorriso.

Garrett apertou o braço dela suavemente e comentou:

– Não são más pessoas. Não vão matar o mensageiro.

– Isso depende do que o mensageiro disser, não acha?

Garrett arqueou uma sobrancelha e perguntou:

– O mensageiro tem culpa das notícias?

– Não – sussurrou ela.

Ela pensara que estava mais preparada para aquilo do que estava na realidade, concluiu. Acreditara que, se a rejeitassem, conseguiria aceitá-lo. Contudo, na verdade, uma parte dela sentir-se-ia magoada se fosse rejeitada e se não descobrisse o que procurava.

Talvez tivesse sido melhor esquecer e seguir em frente com a sua vida, em vez de estar quase a revelar tudo a um desconhecido.

Garrett pressionou suavemente o braço dela, tirando-a da sua melancolia, por isso Keelin teve de levantar o olhar.

Garrett sorriu ardentemente e ela sentiu o calor do seu sorriso no seu peito, o que fez com que se acalmasse um pouco.

Olhou-o com curiosidade.

Nunca conhecera um homem como ele. Tinha qualquer coisa que a fascinava.

Era irresistível. Sim, «irresistível» era o termo correcto.

Soltou o braço.

– Dermot Kincaid é um homem bom. Ouvirá o que tiver para lhe dizer, seja o que for.

Keelin abriu muito os olhos, surpreendida.

– Conhece-o?

– Sim. Conheço-o. E a julgar pelo seu olhar de há um instante, o motivo da sua visita é muito importante. Ele vai ouvi-la. Nem todos os habitantes da vila são potenciais assassinos.

Tinha dificuldade em respirar. Finalmente conseguiu perguntar:

– Como é que ele é?

– O típico homem da idade dele. Viveu muito, portanto tem muito bom-senso, o que pode ser incomodativo quando você acha que tem razão e ele sabe que não tem… E como formou certas ideias ao longo da vida, consegue ser muito teimoso quando quer – sorriu levemente e as covinhas surgiram novamente. – Mas sabe apreciar a beleza numa mulher, portanto não terá problemas.

Keelin corou outra vez.

Garrett apercebeu-se. Riu-se e disse:

– Sim, vai gostar de si, embora pudesse ser seu pai.

Ela alegrou-se por ele ter virado a cara ao pronunciar aquelas palavras.

– A casa é já ali… – Garrett apontou com o dedo.

Era uma casa grande de pedra no meio de uma quinta.

Ela ficou petrificada. Ao vê-la imóvel, Garrett perguntou:

– O que se passa?

Keelin franziu o sobrolho. Sentira-se tão impressionada ao ver a casa que se esquecera que ele estava ali. Não podia explicar-lhe porque lhe custava tanto dar os últimos passos. Garrett não conseguiria compreender que demorara uma vida inteira a chegar ali.

Portanto procurou uma resposta menos comprometedora.

– E não podia ter-me dito que a casa ficava na próxima curva?

Ele sorriu laconicamente.

– E estragar a diversão?

Keelin levantou o queixo e seguiu à frente dele.

– Precisa mesmo de sair desta ilha – disse, altiva, e continuou a andar.

Ela não se apercebeu de que ele continuava atrás dela até que os seus cães pararam ao portão à espera que ele o abrisse.

Keelin parou, olhou para eles e depois olhou para Garrett, enquanto este abria o ferrolho.

– Não é preciso que me acompanhe até à casa. Posso ir sozinha.

– Já lhe disse que vou nesta direcção.

– Não pensei que se referisse à casa.

Garrett deixou a porta aberta para ela passar. Os cães entraram primeiro.

– Tenho de entrar. Vivo aqui.

Keelin olhou para ele, surpreendida.

– Vive aqui?

Garrett assentiu e disse:

– Sim, por enquanto vivo aqui. Estou a construir uma casa aqui perto, mas este foi o meu lar durante muito tempo. Tentei apresentar-me, mas não me deixou fazê-lo. E como… também não sei o seu nome – arqueou uma sobrancelha.

Keelin ainda estava a tentar digerir a nova informação.

– Não disse e também não perguntou.

– Bom… Podemos resolver isso.

Garrett estendeu-lhe a mão para se apresentar, contudo Keelin pareceu hesitar em ter algum contacto com a pele dele. Ele voltou a levantar uma sobrancelha, com um ar interrogativo. Finalmente estendeu-lhe a mão e disse:

– O meu nome é Keelin O’Donnell.

– Olá, Keelin O’Donnell! Muito prazer em conhecê-la. Eu sou Garrett Kincaid.

– Kincaid?

– Sim, Kincaid.

Keelin soltou a mão dele como se a tivesse queimado.

– O meu pai deve estar na cozinha.

Keelin entrou. «O pai dele», ecoou na sua cabeça.

O pai dele, o motivo da sua longa viagem. Era irónico que, ao fim de tanto tempo, tivesse conhecido um homem que a impressionara e descobrisse que, em vez de um assassino em série, aquele homem atraente e irresistível podia ser um membro da sua família.

Oh, meu Deus! Podia até ser irmão dela!